Não morrem sem ter amado aqueles que…

Paixão é, sem dúvida, uma coisa maravilhosa. Todos deveriam experimentar, ao menos uma vez na vida, a magia que é, com apenas um olhar, sentir tudo aquilo que faz parte de você se acender, ao mesmo tempo em que todo seu chão parece sumir.

Paixão é isso: um constante acender e flutuar; é desconectar-se do mundo, já que o mundo e todo o seu sentido passa a residir, por um momento, apenas ali, no cheiro, no toque, no que era dois e passa a ser um só. Mas ainda afirmo, sem medo algum, que, apesar do quão maravilhosas tenham sido as paixões avulsas experimentadas, é menos feliz aquele que passa por essa vida sem ter amado.

Ainda que as duas coisas possam andar juntas – e considere-se mais sortudo que um ganhador da loteria se o seu melhor amigo no mundo é a mesma pessoa com quem você ainda deseja dividir a cama ao final do dia – o amor, diferente de atrações físicas isoladas e de químicas maravilhosas que só resistem à quatro paredes, nos faz mais sensíveis, mais cúmplices, mais conhecedores de nós mesmos, na medida em que não nos coloca apenas na posição de dois corpos que viram só um; mas na serenidade e dureza de descobrir como é, dia após dia, entregar-se à magia do sexo, da singularidade, e exercer, ao mesmo tempo, a capacidade constante de conhecer e apaixonar-se pela loucura que é, na crueldade do dia a dia, SER DOIS.

Não morrem sem ter amado aqueles que beijam demorado, mas que também extraem igual prazer de longas conversas ou longos silêncios. Não morrem sem ter amado aqueles que contam os segundos para estar perto, mas que sabem a hora de adiar um encontro para que o outro possa estudar para a prova de matemática ou fazer um trabalho pendente.

Não morrem sem ter amado aqueles que adquirem a capacidade de antecipar mentalmente o próximo gesto ou palavra do outro; que podem carregar inúmeras feridas, mas, ainda sim, quando juntos, a espontaneidade nunca deixa de estar lá,afinal é fácil e natural ser você mesmo na presença daquele que conhece e respeita cada pedacinho seu.

E amor é para os fortes. Para os que decidem ir em frente nesse caos e ainda levam alguém consigo; para os  que mergulham na loucura e sabedoria que é, ao descobrir o outro, acabar descobrindo a si mesmo; e, acima de tudo, para aqueles que, mesmo ainda colhendo os cacos das desilusões, seguem amando e se entregando, pois sabem que infelizes não são aqueles que carregam as rachaduras como cicatrizes; esses são os corajosos; infelizes são aqueles que perderam a capacidade de amar.

 Autor: Patrícia Pinheiro

Natthalia Paccola

Share
Published by
Natthalia Paccola

Recent Posts

Quem constrói trilhos sabe da existência dos trens

Recentemente, em uma das aleatórias e proveitosas conversas que sempre tenho com um amigo meu,…

1 ano ago

Vale a pena saber quem te deletou de uma rede social?

Aplicativos que mostram quem te exclui do Facebook ou do Twitter são bastante populares. Por…

1 ano ago

Preocupado, chateado e ansioso? Soluções para acalmar seus nervos

Estresse, ansiedade e perturbação emocional são como lombadas na estrada da sua vida. Elas podem…

2 anos ago

O que você já aprendeu observando a vida das pessoas ao seu redor?

Quantas vezes você se sentiu inspirado pela vida das pessoas ao seu redor? Quantas vezes…

2 anos ago

A psicologia das fobias: 5 dicas para gerenciar seus medos

Você ouve as pessoas dizerem o tempo todo que têm medo de algo, seja esse…

2 anos ago

Depressão não é apenas um estado de espírito

É natural "sentir-se triste", "estar deprimido", ou simplesmente triste. Todo mundo se sente assim em…

2 anos ago