Mulheres que amam de menos

Mulheres que amam de menos…

Eu quero dar meu depoimento. Creio ter um problema. Se mulheres que amam demais são aquelas que sufocam seus parceiros, que não confiam neles, que investigam cada passo que eles dão e que não conseguem pensar em mais nada a não ser em fantasiosas traições, então eu preciso admitir: sou uma mulher que ama de menos.

Eu nunca abri a caixa de mensagens do celular do meu marido.

Eu nunca abri um papel que estivesse em sua carteira.

Eu nunca fico irritada se uma colega de trabalho telefona pra ele.

Eu não escuto a conversa dele na extensão.

Eu não controlo o tanque de gasolina do carro dele para saber se ele andou muito ou pouco.

Eu não me importo quando ele acha outra mulher bonita, desde que ela seja realmente bonita. Se não for, é porque ele tem mau gosto

Eu não me sinto insegura se ele não me faz declarações de amor a toda hora.

Eu não azucrino a vida dele.

Segundo o que tenho visto por aí, meu diagnóstico é lamentável: eu o amo pouco. Será?

Obsessão e descontrole são doenças sérias e merecem respeito e tratamento, mas batizar isso de “amar demais” é uma romantização e um desserviço às mulheres e aos homens. Fica implícito que amar tem medida, que amar tem limite, quando na verdade amar nunca é demais. O que existe são mulheres e homens que têm baixa autoestima, que tem níveis exagerados de insegurança e que não sabem a diferença entre amor e possessão. E tem aqueles que são apenas ciumentos e desconfiados, tornando-se chatos demais.

Mas se todo mundo concorda que uma patologia pode ser batizada de “amor demais”, então eu vou fundar As Mulheres que Amam De Menos, porque, pelo visto, quem é calma, quem não invade a privacidade do outro e quem confia na pessoa que escolheu pra viver também está doente.

Autor: Martha Medeiros

Natthalia Paccola

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  • Eu me considerava uma mulher que amava de menos, ate ser traida e meu marido começar me tratar com indiferença..
    A partir desse dia percebi que amava demais e fiz justamente isso que vc falou fiscalizava tudo celular,carteira,cheirava as camisas, fiscalizava o carro para ver se nao tinha cabelo de mulher etc .
    Enfim eu nao tinha paz e segui assim durante mais quatro anos .. Nao queria perde-lo mais chegou um momento em minha vida que abri mão de tudo peguei meus filhos e me mudei de cidade.. Hj tenho paz vivi tranquila com meus filhos mais ainda estou fechada para o amor pois sinto que ainda amo meu ex marido...

    • Concordo com a Mih, mas meu caso foi diferente... foi namoro. Sempre fui tranquila, na minha, se as pessoas tinham problemas com ciumes não me importava. Não vasculhava nada, não procurava, não me importava que ele falasse de alguma mulher, até fazia piada. Certo dia descobri uma "trova", não chegou a se concretizar (pelo que ele disse) mas desde então tenho o pé atrás. É um receio de ser feita de "trouxa", amar demais e descobrir que ele tinha outra, descobrir que um dia aquele muro da confiança foi destruido por uma ação (ou mais).
      Sentimos uma dor que muitas vezes ou nos afasta ou nos corrói. Continei o namoro, mas aquela tranquilidade nunca mais foi a mesma. Tem um texto do Fabrício Carpinejar que é "efeito colateral da mulher romântica" bem interessante, não que eu rotule mas pode servir de autoconhecimento e quisá uma melhoria em nossas ações.

    • Acho muito triste confiar e ser traída(o). Mih, você mudou essa situação e achou assim a sua paz. Foi uma excelente resolução.
      Torço por você!
      Celia

  • Eu creio no equilíbrio. Demais nao é legal (e eu era assim na adolecencia). Indiferença demais é nao se importar. E se não se importa, não ama. Nao atendo o celular dele, nao fico curiosa pra saber quem ligou, nao vasculho a carteira... nao mexo no notebook, mas... não ia gostar nada nada se soubesse algo que me deixasse desconfiada que ele é infiel.

  • Na minha opinião quem ama mesmo, respeita o espaço do outro, essa loucura de controlar o companheiro é insegurança, baixa autoestima, só traz sofrimento.

  • Adorei o texto,.
    Sou casado a 8 anos e minha mulher então me "ama de menos", confesso que também "amo de menos", e somos super feliz com tão pouco amor?
    Será isso possível ?!
    Creio que não seria possível ser feliz com pouco amor, pouco amor temos pelo carro, moto, cassa. Não fazer tudo isso que está escrito nesse texto isso sim é amor !
    Parabéns Martha Medeiros continue "amando menos" e sendo feliz.

  • Achei elogiável Martha Medeiros, se é amor de menos não sei, mas acredito no respeito ao espaço do outro, e não me sentiria mais amada se meu espaço fosse invadido, creio que serve para os homens também, não acredito que ele se sinta mais amado, apenas porque sua privacidade seja vasculhada 24 horas por dia, também posso afirmar que amo de menos, ou amo na medida e sou feliz por isso. Parabéns Martha Medeiros.

  • Acredito que quem quer trair, faz isso independente de ser fiscalizado ou não. Sou de me doar completamente ao "meu amado", sou carinhosa e leal. Porém, dou liberdade e não vivo fuçando a vida dele. Se percebo algo estranho, tento conferir, mas não vivo em função disso. Confio sim, até o dia q me der motivos pra parar! Viver procurando só nos faz sofrer.

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Natthalia Paccola

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