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É difícil não acreditar em feminismo

Participo, no Facebook, de um grupo feminista no qual só é permitida a participação de mulheres. Trata-se, antes de tudo, de um espaço seguro que muitas encontram para compartilhar suas histórias, dúvidas e angústias. Um espaço onde se dá todo o tipo de troca entre mulheres dispostas a falar e aprender sobre feminismo.

Por achar que espaços como esse são extremamente necessários e enriquecedores, independentemente de participar de forma ativa ou não, procuro, sempre que possível, acompanhar o que está acontecendo por lá. Vejo inúmeros relatos pessoais de agressões físicas e/ou verbais, testemunhos de atos machistas cotidianos a que muitas mulheres são submetidas, bem como o compartilhamento de vitórias e coisas positivas.

Dentre esta pluralidade de trocas e atividades, especificamente uma me saltou aos olhos, me preencheu de emoção e otimismo e me impeliu a escrever este texto. Foi o seguinte: uma das participantes do grupo sugeriu que as demais escrevessem e compartilhassem todas as características físicas que adoram em si mesmas e, dentro de poucos segundos, um turbilhão de respostas começou a surgir.

Mulheres passaram a mostrar fotos de seus cabelos lisos e cacheados, curtos ou longos, e a dizer que não saberiam viver sem eles. Olhos penetrantes e verdadeiros, de todas as cores e tamanhos, sendo eleitos como parte favorita do corpo. Vi fotos de seios, de seios de verdade, seios que são amados justamente por sua tortidão e naturalidade. Cinturas, coxas e bundas não sendo julgadas, mas idolatradas.Predominaram afirmações como “Eu sou linda e gostosa”, “Meu rosto é tão perfeito que, toda vez me olho no espelho, eu penso, puta que pariu, eu casaria comigo!”.

Em uma sociedade em que ainda ditam regras sobre os nossos próprios corpos, em que estereótipos e ideais insistem em moldá-los fazendo-nos sentir facilmente feias e diminuídas, iniciativas como esta chamam a atenção para a necessidade de mais espaço e voz para exatamente o que se viu ali: incentivo à aceitação e ao amor próprio, à empatia e à sororidade entre mulheres que, diferentemente de egoístas e competitivas, se fazem IRMÃS.

Diante de quaisquer meios como esse que se prestem a abrigar vozes que não diminuem, mas constroem; que não julgam, mas promovem amor e autoaceitação, é difícil não compreender a necessidade constante da voz plural e libertadora da mulher, é difícil não acreditar em feminismo.

Autor: Patrícia Pinheiro

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